Filipinas, Mia Alvar, In the Country: Stories (contos «Kontrabida» e «The Miracle Worker»), julho de 2021
Este é o primeiro livro de Mia Alvar (nascida em Manila, Filipinas, em 1978) e é uma coletânea de contos sobre a diáspora filipina. Apenas li dois, no Kindle, e apresentam alguns aspetos sobre este país. Tenho ideia de ler os seguintes, pois interessaram-me: têm uma linguagem rica e variada, demonstrando cambiantes de sentido muito expressivos. Além disso, não fiquei totalmente esclarecida sobre as Filipinas. A própria autora viveu no Bahrain e nos EUA, onde estudo. Regressou ao seu país e recolheu informação para este, que foi o seu primeiro livro.
O primeiro conto, «Kontrabida», refere-se a um emigrante nos EUA, farmacêutico, que regressa ao seu país natal para apoiar a mãe, caracterizada pelas suas infinitas qualidades, nomeadamente a sua paciência e abnegação no tratamento de um marido abusivo com uma doença terminal. Relatam-se alguns aspetos da vida doméstica desta e de outras mulheres semelhantes; o marido que recusou que ela trabalhasse fora de casa, que a agredia e que agora, sofrendo de uma doença terminal, a sobrecarrega com o seu sofrimento. Refere-se o facto de trabalhar em casa, onde tem um pequeno negócio doméstico, um «sari-sari»; como é em casa, já pode trabalhar nele... Fala-se da comida, da vida familiar com uma grande família alargada, e das suas características. O protagonista veio apoiar a sua mãe e trouxe escondidas da alfândega na mala algumas aplicações de morfina para aliviar o sofrimento do pai. Claro que enfrentou um dilema moral, porque os roubou da farmácia hospitalar onde trabalha; no entanto, as considerações sobre custos, seguros e a realidade filipina acabam por pesar. No entanto, numa das manhãs seguintes, ao acordar encontra o pai morto e tudo em andamento para se efetuarem as últimas despedidas da família. O pacote de aplicações de morfina está praticamente vazio... O que terá acontecido??
No conto seguinte, Sally, diminutivo de Salvación, emigrou para o Bahrein para acompanhar o marido que trabalha na indústria petrolífera. Fala-se da grande diáspora filipina e de como de uma vida pobre, quase miserável, passou a ter uma casa grande e luxuosa segundo o ponto de vista anterior. No entanto, Sally tem uma formação no âmbito da Educação Especial e, um dia, surge-lhe uma solicitação para acompanhar e desenvolver uma criança de cinco anos que não fala nem executa movimentos autónomos; no entanto, a mãe considera que Sally pode fazer um milagre com o seu trabalho e atenção, redobrando os seus presentes e pagamentos. Apresenta-se aqui alguma reflexão sobre a formação escolar, que a mãe da criança, sendo abastada, não possuía, por ser natural de um país muçulmano, e da maneira de lidar com a deficiência ali: escondê-la. Estes aspetos são próprios de um país que não era o selecionado, por isso passo à frente. O que se tira de Sally são as mudanças de alguém que, ao receber um pagamento por uma tarefa inglória, tem uma atitude menos abonatória: o marido surge desvalorizado, menos digno de estima por características que antes não a incomodavam e que passam pelo saber estar, o dinheiro colmata o facto de se sentir impotente para trabalhar com aquela menina, mas não querer abdicar do que el lhe proporciona. No entanto, será que um milagre será possível?